O Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS-SP,
equipamento da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, exibe Brecheret
e sua Visão do Sagrado, com curadoria de Sandra Brecheret Pellegrini e
expografia de Haron Cohen. Composta
por 35 esculturas, 4 desenhos e 4 fotografias, a mostra nos revela o lugar
preponderante que a temática do sagrado ocupou na vida do escultor
ítalo-brasileiro Victor Brecheret. A exposição abre amanhã, dia 18, para convidados e vai até o dia 16 de novembro
Ao longo de toda carreira, seu impulso criativo é
especialmente refletido em suas esculturas religiosas, sendo a primeira
manifestação desse tema, que se tem conhecimento, a obra “Pietá”, por
volta da primeira década do século XX. “Embora Brecheret nunca tenha se
vinculado exclusivamente a temas religiosos, retornava sempre àquilo que
transmitia sua criação interna, trazendo de dentro de si a sua fé.”,
comenta Sandra Brecheret Pellegrini. Para a exposição no MAS-SP, foram
selecionadas obras da coleção particular da curadora, da qual destacam-se Madonas,
Virgens e Pietás confeccionadas em gesso e bronze, entre 1920 e
1940; Virgens com criança e Anjos, cenas bíblicas (Santa
Ceia, Senhor dos Passos, Anunciação), crucifixos e santos (São
Francisco, São Jerônimo, São Paulo) feitos em gesso, bronze patinado, terracota
e madeira, nas décadas de 1940 e 1950; além de imagens masculinas, em sua maior
parte dos anos 1940, esculpidas em gesso.
Brecheret concebeu esculturas que exibem seu
cuidado em todos os aspectos, inclusive em relação às características
fisionômicas, como podemos observar nos Sacerdotes e Apóstolos,
que exibem expressões faciais bem marcadas como se estivessem refletindo a
busca de razões internas e meditações espirituais. Em Os Anjos e
os Santos, o semblante é de felicidade, de certa forma nostálgico,
relembrando o recebimento da luz divina. Já no final de sua vida, produziu
esculturas delicadas, em barro cozido (terracota), se aproximando da estética
do barroco brasileiro e demonstrando um preciosismo notável. De acordo com Sandra , o ponto alto da escultura religiosa de Brecheret é, sem
dúvida, a figura de São Francisco: “Explorada sob vários ângulos, tamanhos
e formas, nos leva a acreditar que seja o santo de sua preferência, por seu
amor à natureza.”.
A mostra "Brecheret e sua Visão do Sagrado" transmite todo o amor que o escultor sentia pelas artes plásticas, sentimento com o qual se dedicou inteiramente ao ofício. Ressalta seu brilhantismo na trajetória artística de uma obra que teve início no século passado e que permanece hígida, atual, moderna, provocante. Cativa a memória dos paulistanos, por sua presença através de esculturas espalhadas pela cidade, as quais conferiram à capital parte de sua identidade social e cultural.
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